quinta-feira, 28 de julho de 2011

Só funciona se você acertar o que eu estou pensando

Ou em homenagem a Dr. Strangelove, “New School: Como eu parei de me preocupar com descrições de como desarmar armadilhas e aprendi a amar uma mecânica concisa”, (mas é um título grande demais pro blogspot).

Como já dizia o Almirante Ackbar.
Imagine a seguinte situação:

Durante uma aventura de Mago: A Ascensão o jogador, um Adepto da Virtualidade com vários pontinhos 4 bolinhas em computação declara ao narrador que vai invadir o computador da empresa para investigar dados sobre desaparecimentos de funcionários.

Mestre: “Ok, declare o que você está fazendo especificamente”
Jogador: “Estou procurando a data que os funcionários foram pela ultima vez no trabalho”
Mestre: “Não, não isso. Como você está procurando?”
Jogador: "Meu personagem é especialista em computação, ele está usando seus conhecimentos para quebrar proteções e ver o que eu pedi.”
Mestre: “E daí? Eu preciso saber o que você fará especificamente.”
Jogador: “Eu não sei como fazer isso, sou biólogo, cara!”
Mestre: “Pena, deveria ter escolhido um personagem que represente isso!” <insira risada maligna>

A cena é absurda? Claro! 

Mas ilustra bem: independente de pontos investidos em habilidades e perícias relevantes, porque você não as tem na vida real seu personagem não tem como fazer porque você não sabe. Leia a cena acima e substitua a situação de “procurar dados num local protegido” por “desarmar a lâmina da parede”. O jogador precisa adivinha a forma certa que o mestre quer que ele faça; empurrou ao invés de puxar? Faça o grupo tomar 10d6 de dano, que tal isso pra encorajar, hein?

Apresento-lhes, uma das faces mais bobas do Old School: a seletividade objetiva de atributos. Alias, porque em jogos que auto-intitulam “Old School“ esse argumento é aceito de forma encorajada como comportamento ideal para um personagem que tem essas habilidades?

Vários jogos que SE intitulam Old School (nenhum jogo daquela época realmente faz isso de forma declarada e com orgulho) citam que personagem são extensões do jogador, e suas decisões é que vão moldar o mundo ao seu redor. Os números na ficha não são respostas pros desafios do mundo, yadda yadda.

Sabe o que é interessante? Isso é irrelevante em combate. Descrições floridas são exigidas por parte do mestre e jogadores pra esconder o fato de que ainda estou fazendo ação de “Atacar com a arma” toda santa rodada, a menos que jogue com alguém que lance magias.

Por mais que digam “esse RPG é <mimimi descritivo>, tuas ações, não os números da tua ficha que importam!”, nada disso vale no combate.  Se fora do combate, eu preciso ser um orador pra animar um exército; dentro dele posso ser um jogador que sabe tanto de Kung Fu quanto Jet Li e isso não fará com que meu personagem seja mais efetivo em combate (exceto no caso dele te ameaçar bater se não for do jeito dele, mas isso é bullying!).

Porque o jogador ser tímido deveria impedir as chances de o personagem ser eloqüente e o jogador atlético não recebe esse mesmo bônus? Porque a pessoa inteligente ganha bônus no jogo, e o fortão não? Se os limites do personagem são restritos aos dos jogadores... É uma justificativa moral, claro!

Guerreiros e personagens porradeiros começarem “fortes” e prosseguem de forma linear, ou seja, sua força é aparente mas estática, serão aquilo pro resto da vida; magos e outros com poderes oriundos de ziquiziras aleatórias evoluem de forma quadrática, exponencial. 

O mesmo guerreiro que ganhará  +1 pra atingir por nível (Woh!), quando comparado com o mago que ganha [nível]² magias, todos efeitos diferentes capazes de virar um encontro. 

E isso se reflete na mecânica, com a seguinte afirmação: "Nerd" sobe na vida enquanto o "Jock" fica lá com sua força física, paradão! Ele brilhou no "ensino médio dos níveis" (1-5), mas na "pós-graduação" (10-20), vai ficar pra trás. 

As vezes, a lógica do Mestre Old School em fazer armadilhas deixa os jogadores perplexos.
(Isso também é uma desculpa pra colocar essa imagem, porque eu acho ela ótima!)
Outra característica boba de Old School; chances iguais? Pff, você é um conjurador, não precisa disso!

Exemplo: Em AD&D* (um jogo que é adorado pelos Old Schoolers), um ladino MAL tem a habilidade pra achar uma armadilha (meros 5% no primeiro nível) (além de ter que passar pelo crivo do mestre com o que quer, onde quer da forma que quer), enquanto que um Clérigo de primeiro nível tem 100% de chance, numa área de 3 x 30 metros. O mundo não é justo se você não usa magia num jogo Old School.

*sempre ele, né?

Ainda bem que os sistemas de hoje em dia são feitos com menos justificativa nerd e mais igualdade em mente; ou seja, o Jet Li não precisa mais bater no mestre para ser o Jet Li! Mas isso, é história pra outros posts e ideias aleatórias.

13 comentários:

  1. Já falaste sobre isso várias vezes, mas continua sendo uma dolorosa verdade. Espero que faças logo a resenha do Old Dragon

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  2. 5%? Claramente você nunca jogou AD&D...

    Talvez fosse melhor se informar sobre o que você escreve, ANTES de escrever. Evita vergonha.

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  3. Humano com destreza entre 11-17 tem 5% de chance base, A. Pedro. Invista apenas nisso e teus OUTROS talentos de Ladrão vão pra vala.

    Talvez fosse melhor se informar sobre o que escreve antes de escrever. Evita vergonha sob análise. ;D

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  4. Meu "AD&Dês" anda um pouco enferrujado mas o personagem não dispõe de 60 pontos percentuais para distribuir em seus talentos de ladrão no 1o. nível? e mais 30 a cada nível, se não me engano.

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  5. Sim, sir. O problema é que porcentagem ainda é limitada a 30% no máximo; 8 habilidades com um teto de 30% extra inicial; o 5% é a base, e na MELHOR das hipóteses é 35%.

    Concorda que 35%, precisando passar pelo crivo do Mestre em instruções exatas e numa única área (onde você está) é inferior a 100% automaticamente numa área expandida?

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  6. Caraca, você falou uma coisa que eu não posso deixar de comentar, eu lembro bem que quando a gente jogava AD&D, há muitos anos atrás, com o mestre Zambuda, se a gente não fizesse exatamente o que era preciso para desarmar uma armadilha, ou o que quer que fosse que hoje em dia depende somente de uma rolagem de dados, a gente se ferrava. Pois muitas vezes era uma coisa tão óbvia, que passava desapercebido, deixamos muitas vezes de conseguir tesouros, escapar de perigos mais facilmente, ou mesmo de entender, porque raios um buraco na parede de uma dungeon decapitaria seu braço caso colocasse ele lá, até hoje não entendi o intuito dessa armadilha. Tem coisas que é melhor abstrair, para não deixar o jogo parado e monótono, se nenhum dos jogadores por diversas vezes não desarmaram suas armadilhas, não descobriram seus enigmas, não descobriram um informação importante para continuar a aventura, pode ser que o problema não esteja neles, e sim em você, mestre apelão!

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  7. É que desde a 3e, D&D tem um sistema de perícias são feitos esperando o mesmo que outros sistemas modernos: o --PERSONAGEM-- precisa saber, não o jogador.

    Nunca vi em Gurps ou em Mago um jogador sendo vetado de fazer algo porque "falta o conhecimento técnico pra tal"; em AD&D, o livro encorajava isso (o que considerando a década que foi escrito, era BEM generoso, até).

    A diferença é, isso é algo ultrapassado, mas encarado não como reflexo de uma falta de noção de regras concisas que era e sim como "intencional".

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  8. *semi-grognard*
    Em 7th Sea florear o ataque de fato te dá bonificações, ams não precisa ser realista nem manjar muito, é só florear absurdamente mesmo XD.
    Bom post, Phiel, claro e direto ao ponto.

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  9. mais um post ofendendo o AD&D? o que ele te fez, amigo? matou seu cachorro?
    hehehe

    " Em AD&D* (um jogo que é adorado pelos Old Schoolers), um ladino MAL tem a habilidade pra achar uma armadilha (meros 5% no primeiro nível)"

    nao é assim. vc tem ainda 60% de chance para distribuir no primeiro nivel, sendo q pode gastar ate 30. e isso q ainda tem o bonus de destreza, racial, e outros.

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    1. ah, eu vi q vc respondeu pra alguem ali em cima...foi mal!

      mesmo assim, na resposta vc diz "é a base", mas não é a informação que vc passa na postagem.

      mas pelo li, vi q vc sabe a diferença, entao ta beleza (e caso alguem nao saiba, basta ler aqui nas respostas ;)

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    2. AD&D matou meus pais e me forçou a vagar pelas noites em busca de vingança, vestido de um roedor voador!

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